"Oh mamã, então vamos pedir à Tia que empreste o mano bébé para eu brincar!"
" Sabes mamã, estes biberons que estão aqui eu já não uso porque sou grande, mas vou guardá-los para o meu mano..."
"Oh mamã, eu não posso ter um mano porque o papá vive nos Açores, não é? O Papá já não gosta de ti mamã? E tu gostas do papá?"
Esta é a conversa diária da minha filha, espreitando por debaixo da minha camisola para se certificar que não há um mano na minha barriga e eu vou-me rindo... Com calma vou-lhe explicando que um dia se a mamã tiver um namorado que talvez ela possa ter um mano ou uma mana...
Vou-me rindo... mas o meu coração fica dorido, apertado e pequenino, porque todas estas perguntas e afirmações me confrontam comigo mesma e com a frustração de não ter a família que tinha sonhado para mim...
Se a minha filha sonhasse o quanto eu desejaria poder-lhe dar manos e manas... o quanto me sinto realizada e feliz como Mãe... e que só a decisão de me divorciar acabou com o meu sonho...
O meu relógio biológico vai fazendo tic-tac e o tempo vai passando...
Admiro os casais que se mantêm juntos, que criam e gerem uma família, que ultrapassam crises e dificuldades e que continuam a amar-se, a respeitar-se e ajudar-se mutuamente...
Admiro porque eu não fui capaz e sabe Deus o quanto tentei!
Quero acreditar que é possível voltar a ter uma família e superar esta frustração de ter falhado, mas a vida corre depressa demais e tudo se tornou "descartável", incluíndo os relacionamentos humanos...
Da minha parte, continuo a apaixonar-me por pessoas e situações utópicas, que só existem na minha cabeça, porque na realidade são impossíveis. A estupidez é que sofro imenso com isso e pergunto-me PARA QUÊ?
Não sei se fui eu que me tornei exigente demais, mas não consigo encontrar um homem que me preencha, que me dê a segurança, o "ninho" e os afectos que preciso.
Sexualmente foi/tem sido óptimo... e o resto??? Não consigo estar com alguém só por causa de bom sexo, porque fico péssima, dividida, e não consigo mentir a mim mesma...
Não consigo estar com alguém sem sentir...
Mamã eu quero um mano!
Pois filha, e eu quero um Pai para o teu mano!
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