25.10.07

Oração do Amigo

Senhor, eu Te dou graças pelo amigo que me deste.
É através da sua presença que Tu ficas a meu lado.
Olhando para os seus olhos,descobri o sentido profundo que se oculta no Teu próprio olhar!
Deixando-me cativar pelo seu sorriso contagiante, aprendendo também a sorrir.
Ouvindo as suas confidências sinceras, aprendi a escutar a Tua voz.
Recebendo tantas provas de carinho, aprendi a amar os que convivem comigo.
Partilhando a vida, a Fé, os erros, as lágrimas e as alegrias, eu vislumbrei-Te no rosto sereno do meu amigo.
Graças Te dou, meu Deus, porque Te revelassem gestos tão humanosque posso experimentar-
Te sempre na pessoa deste amigo que me ama!
Faz que ele seja muito feliz e que eu Te encontre sempre na transparência da nossa Amizade,
Ámen

15.10.07

PAPI

Tenho de voltar a publicar este texto, pois foi das maiores provas que impus a mim mesma...

Cher Papi,
Ça fait longtemps que j´aurais due écrire cette lettre, mais je ne savais pas comment le faire, une fois que je pourrais jamais te la donner.. que tu la liras jamais...Pourtant, j´ai décidée de l´écrire quand même...

Esta é, para mim, uma das cartas mais dificeis que escrevi até hoje, mas quero escrevê-la para ti e sobretudo para mim...
Talvez, no sítio onde te encontres consigas sentir e ouvir o que te vou dizer nesta carta, porque está guardado no meu coração há demasiado tempo e é altura de me libertar deste peso que carrego desde então!

Vivo há 28 anos com um sentimento de culpa que me pesa e despedaça o coração e quero que saibas que não fiz por mal, eu era uma criança.

Lembras-te Papi?
Tinhas arranjado a pega preta da minha pasta (ganga azul) da escola, aquela que se tinha partido numa brincadeira de garotos... eu tinha 7 anos!
Estavamos na sala de casa dos meus pais e tu deste-me a pasta arranjada e pediste-me um beijinho e que eu me sentasse no teu colo.Eu não quis!
Fui teimosa e não quis, não me apetecia, finquei o pé e não fiz nem uma coisa nem outra.Tu ficaste tão triste!

No dia seguinte, a Mãe foi-me buscar mais cedo à escola e eu soube que tinhas ido para o Céu, para ao pé dos anjinhos, que nunca mais te ia voltar a ver!Ainda me lembro que me ri, porque não percebi!
Ainda me lembro da dor no olhar da Mãe e da Mami quando me ri... mas eu não sabia!Ainda me lembro de me dizerem "tu ontem não quiseste ir para o colo do Papi, ele ficou tão triste e agora ele não está cá mais!"

Desculpa! Desculpa não ter ido para o teu colo! Desculpa não te ter dado o beijo de agradecimento por me teres arranjado a minha mala...DESCULPA!
Mas, como é que eu podia imaginar que nunca mais te ia ver? Que tu ias sair da minha vida para sempre?

Vivi este tempo todo com estar dor e com a mágoa de nunca te ter podido dizer estas coisas.
Cresci sem a referência dos meus Papis, porque pouco tempo depois foi a Mami que partiu para junto de ti!

Nunca pensei que iria escrever esta carta para ti passados 28 anos, mas o facto é que vou finalmente conseguir limpar esta culpa do meu coração, porque AGORA SEI que a culpa não foi minha...
JÁ NÃO QUERO CARREGAR MAIS ESTE FARDO EM MIM!
Ele vai ficar todo nesta carta que ter escrevo com todo o meu AMOR!

Sei que, estejas onde estiveres, velaste sempre por mim estes anos todos e por isso te agradeço!Não me deixes nunca sozinha!

Quero que saibas que se eu tivesse o privilégio de te ter ainda aqui, terias um orgulho enorme em mim e na Mulher em que me tornei!

Um beijo enorme da tua neta que te adora e que tem muitas saudades tuas!

Quero um mano mamã

"Quero um mano mamã!
Porque é que eu não posso ter um mano?"
Como é que eu respondo a uma criança de 3 anos, porque é que não pode ter um mano? Especialmente quando os amiguinhos têm manos pequeninos, acabadinhos de nascer...

"Oh mamã, então vamos pedir à Tia que empreste o mano bébé para eu brincar!"

" Sabes mamã, estes biberons que estão aqui eu já não uso porque sou grande, mas vou guardá-los para o meu mano..."

"Oh mamã, eu não posso ter um mano porque o papá vive nos Açores, não é? O Papá já não gosta de ti mamã? E tu gostas do papá?"

Esta é a conversa diária da minha filha, espreitando por debaixo da minha camisola para se certificar que não há um mano na minha barriga e eu vou-me rindo... Com calma vou-lhe explicando que um dia se a mamã tiver um namorado que talvez ela possa ter um mano ou uma mana...

Vou-me rindo... mas o meu coração fica dorido, apertado e pequenino, porque todas estas perguntas e afirmações me confrontam comigo mesma e com a frustração de não ter a família que tinha sonhado para mim...

Se a minha filha sonhasse o quanto eu desejaria poder-lhe dar manos e manas... o quanto me sinto realizada e feliz como Mãe... e que só a decisão de me divorciar acabou com o meu sonho...

O meu relógio biológico vai fazendo tic-tac e o tempo vai passando...

A minha tristeza é grande, pois por mim tinha mais 2 ou 3 filhos... mas o destino assim não o quis!

Admiro os casais que se mantêm juntos, que criam e gerem uma família, que ultrapassam crises e dificuldades e que continuam a amar-se, a respeitar-se e ajudar-se mutuamente...

Admiro porque eu não fui capaz e sabe Deus o quanto tentei!

Quero acreditar que é possível voltar a ter uma família e superar esta frustração de ter falhado, mas a vida corre depressa demais e tudo se tornou "descartável", incluíndo os relacionamentos humanos...

Da minha parte, continuo a apaixonar-me por pessoas e situações utópicas, que só existem na minha cabeça, porque na realidade são impossíveis. A estupidez é que sofro imenso com isso e pergunto-me PARA QUÊ?

Não sei se fui eu que me tornei exigente demais, mas não consigo encontrar um homem que me preencha, que me dê a segurança, o "ninho" e os afectos que preciso.

Um companheiro de vida, um amigo, um amante...
Alguém para partilhar a minha vida, conversas, um copo de vinho à luz das velas, um pôr do sol...
Alguém que segrede ao meu ouvido, daqui a 30 anos, "Eu amo-te!"

Sexualmente foi/tem sido óptimo... e o resto??? Não consigo estar com alguém só por causa de bom sexo, porque fico péssima, dividida, e não consigo mentir a mim mesma...

Não consigo estar com alguém sem sentir...

Não consigo me entregar e AMAR... não consigo!
Não consigo porque não sinto!
E não sinto porque... não sei porquê...

Mamã eu quero um mano!

Pois filha, e eu quero um Pai para o teu mano!

Fui... Voltei...

Sinto necessidade de escrever, mas não sei o que dizer...
Estou a rebentar de mil coisas, mil situações, mil pessoas, mil sentimentos, mil vontades que há muito não expresso...

Fui para Bora Bora, voltei...
A minha vida fluiu, mas parte de mim ficou por lá, perdida na beleza, no equilíbrio, na tranquilidade,na energia poderosa daquele lugar que tanto mexeu comigo...
Não escrevi quando voltei porque... porque não me apeteceu... porque quando escrevo faço-o com a Alma que Deus me deu, com transparência, com sinceridade e... há coisas de que não quero falar...aqui...

Fui, voltei e tanta coisa aconteceu...
Fui, voltei e tanta coisa mudou em mim...
Fui, voltei, e não consigo desatar os nós que criei à minha volta... nós que me testam, que me desgastam, que me sufocam, que me dificultam o andar... para a frente...
Nós que criei, sabe-se lá porquê e para quê... MAS FUI EU QUE OS CRIEI...

Fui, voltei e deixei parte do meu coração por lá...
Fui, voltei e aquilo que eu pensava já ter arrumado dentro de mim voltou para me fazer sofrer...
Fui, voltei, mais serena, em Paz, mais equilibrada, mais centrada...
Fui, voltei e as peças estão a encaixar no puzzle e mesmo na adversidade eu continuo a dar a volta por cima...
Fui, voltei e verifiquei, com alegria que há muitas coisa boa na minha vida que permaneceu inalterado...

Fui, voltei e estava tudo na mesma, excepto EU...