Tenho evitado falar aqui da minha filha...
É um assunto que mexe tanto ou mais comigo que os demais que aqui tenho abordado, normalmente falando de mim.
Mas falando dela, acabo invariavelmente por falar de mim, até porque tudo nela me afecta e tudo em mim a afecta a ela...
Duro esta história de Mãe e Filha... LOL
Como diria uma amiga minha:
" No fundo eles não são os culpados, são apenas fruto das circunstâncias que os pais os obrigaram a viver e têm de aprender a gerir essas mudanças de habitat... nós só temos é de ter paciência... e ajudá-los a carregar esse fardo para não ficarem revoltados. Cada vez mais acho que tudo se resolve com doses extras de mimo e dedicação - eles merecem".
Não tem sido fácil gerir o meu pós-divórcio, a figura de pai ausente e a dor que isso provoca numa criança tão pequena que ainda não tem a capacidade cognitiva de entender certas coisas, de certos porquês...
O facto é que as escolhas de vida que se fizeram originaram um enorme afastamento físico e temporal da minha filha com o pai, que a vê de 3 em 3 meses...
Tenho falado, discutido, pensado, ouvido, mas continuo a perguntar-me se não poderá haver outra maneira menos dolorosa para ela, se faço bem em protegê-las de certas situações que eu sei serem péssimas, se a protejo o suficiente...
A maior parte das minhas amigas, INFELIZMENTE, debate-se com o mesmo problema que eu e nenhuma situação é mais fácil ou risonha que outra, porque os atritos existem e não foi à toa que os adultos se separaram...
Qualquer relacionamento pós divórcio/separação, por muito cordial que seja, por muito bom que se tente que seja, acaba sempre por ser um chutar de bola de um lado para o outro. Umas vezes porque nós achamos que os pais não fazem o suficiente, porque não querem saber, porque não passam tempo suficiente. Outras vezes é porque se dá exactamente o contrário, querem estar sempre, impondo permanetemente uma presença que não queremos ter...
Depois, acusamo-nos mutuamente disto ou daquilo, sempre com o pretexto de estarmos a falar dos nossos filhos, mas no fundo acho que continuamos a tentar-nos agredir e a deitar cá para fora (em prol dos filhos, note-se) muita coisa que ainda ficou por dizer entre nós...
Reflecte-se em quem? Nos nossos filhos, claro!
Como Mães, de uma forma ou de outra, fazemos o que fazemos, incluíndo engolir sapos do tamanho de elefantes, em prol do Amor que sentimos pelos nosso filhos... mas vale a pena o sacrificio!
Quanto à minha pulguinha, ela vai tendo altos e baixos, e os desiquilibrios emocionais acabam por sobressair cada vez que está com o pai. Se está só com os avós acaba por ser muito mais complicado e ela vem triste, com medos, angustiada, com pânico que eu a abandone, etc... Como é possivel dizer-se certas coisas a uma criança tão pequena, só para satisfazer o ego ou me atingir a mim?
Será que não percebem que a maior prejudicada é a menina?
Hoje tive uma enorme discussão com o pai da minha filha por isso mesmo. Porque ele quer que eu continue a resolver um problema que é dele, da gestão do tempo que a minha filha deve passr com a familia dele, e dos outros problemas todos dai recorrentes.
Ele não percebe que essa gestão é dele, que se a minha filha não o vê mais é porque ele não vem a Lisboa mais vezes.
Ele não quer ver que é ele que tem de fazer um esforço de aproximação, de estar com a filha, não eu!
Custa-me, ou melhor, dilacera-me o coração, ver uma criança de 3 anos a dizer que quer o papá e a pedir-me para ir buscar o papá. Mas custa-me mais ainda ela ter um papá que diz que vem vê-la todos os meses mas que só aparece de 3 em 3 meses, porque não se lembrou (quando partiu) que os bilhetes de avião custam dinheiro e que ele não está para gastar esse montante todos os meses...
O meu relacionamento com a minha filha nem sempre é pacífico, mas é dificil, duro e desgastante ser mãe e pai ao mesmo tempo. Ter de estar sempre presente, não ter com quem partilhar birras, noites mal dormidas, brincadeiras, febres, passeios...
E a falta de paciência que tenho tido ultimamente...
Mea culpa, mea culpa!
Mas... esgota-me não ter um tempinho para mim e tenho alguma dificuldade em meter as coisas para dentro e ter PACIÊNCIA...
Mamã! Mamã! Oh Mamã! Vem mamã! Olha mamã! Quero! Não! Sim! Colo! Dá beijinho! Tenho medo mamã! Doi a barriga! Não quero ir para a escola! Quero ficar com a mamã! Desculpa mamã! Quero pápa! Quero leitinho...
Apesar de tudo, sei que sou uma excelente Mãe, porque tudo o que faço, faço-o com o amor incondicional que tenho por ela, por quem dou a minha vida sem pensar duas vezes...
Mas, sobretudo, porque nos amamos!
E ela é uma criança maravilhosa, um ser de luz que o Universo colocou na minha vida para me alumiar o caminho e para me ensinar a AMAR.
Minha filha,
AMO-TE MUITO MEU AMOR!
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